A recente pavimentação asfáltica de uma rua no centro histórico de
Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, reacendeu o debate entre preservação do
patrimônio e necessidade de melhorias na mobilidade urbana. A intervenção
realizada pela Prefeitura Municipal dividiu opiniões e chegou a gerar uma
notificação de um órgão ligado à Organização das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura (UNESCO), que avalia a possibilidade de retirar o título
de Patrimônio da Humanidade concedido à cidade em 1999.
Por um lado, moradores e condutores, especialmente aqueles que atuam no
transporte de pacientes e serviços essenciais, comemoraram a medida. Para esse
grupo, o asfaltamento trouxe melhorias no tráfego e mais segurança,
principalmente para os pacientes que são transportados em ambulância.
Diamantina é hoje uma referencia em saúde na região e recebe pacientes de
diversas cidades. “Essa rua é um dos principais acessos para ambulâncias e transporte
de pessoas com mobilidade reduzida. A pavimentação facilitou muito o nosso
trabalho e o atendimento à população”, relatou um motorista em uma postagem
anterior nas nossas redes sociais.
Por outro lado, defensores do patrimônio histórico criticaram a obra,
alegando que o uso de asfalto descaracteriza o conjunto arquitetônico colonial
que rendeu a Diamantina o reconhecimento internacional. Para esses críticos, a
intervenção compromete o valor cultural do local. A situação chegou ao
conhecimento da UNESCO, que agora avalia a possibilidade de rever o status de
Diamantina como Patrimônio Mundial, conforme foi noticiado pelos principais
veículos de comunicação de Minas Gerais na tarde desta terça-feira (29/04).
Em resposta à polêmica, o prefeito de Diamantina afirmou em suas redes
sociais que a obra foi planejada com responsabilidade. Segundo ele, a
prefeitura consultou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan) antes de executar a obra. “Quero deixar registrado que tudo foi feito após
uma consulta ao Iphan. Estamos fora da área de tombamento.”,
declarou o prefeito Geferson Burgarelli (MDB). O
Iphan ainda não se pronunciou oficialmente sobre a autorização mencionada pelo
gestor municipal.
Enquanto isso, a população segue
dividida. Entre a valorização do passado e as demandas do presente, Diamantina
vive um momento decisivo em sua trajetória como cidade histórica reconhecida
mundialmente.