A qualidade da água fornecida pela COPASA ao Bairro Saudade voltou a ser alvo de críticas e questionamentos. Moradores denunciaram que a água chega às torneiras turva, com coloração estranha e gosto desagradável. A reclamação chegou até a Câmara Municipal, que solicitou uma análise técnica do fornecimento.

A COPASA providenciou o exame, mas o resultado foi negativo para impurezas. Ou seja, segundo a própria companhia, a água estaria dentro dos padrões de qualidade, o que contradiz diretamente os relatos da população. O documento foi, inclusive, apresentado à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, como forma de respaldar a posição da empresa.

A atitude revoltou vereadores durante a reunião ordinária realizada no último dia 12/08. O vereador Neguinho/PSD afirmou que a postura da companhia é um desrespeito não apenas à Câmara, mas também aos moradores, uma vez que coloca a comunidade como mentirosa. O presidente da Câmara, Edinho (União Brasil), anunciou que vai solicitar uma nova análise, desta vez feita por um profissional isento, sem qualquer vínculo com a COPASA, para garantir a lisura do processo.

A polêmica reacende um debate antigo: até que ponto empresas públicas ou concessionárias podem ser as próprias fiscalizadoras de sua atuação? Quando irregularidades são apontadas, é comum que esses órgãos convoquem seus próprios técnicos para atestar a “normalidade” do serviço. A prática, além de colocar em xeque a credibilidade dos laudos, fere o princípio da isenção e gera ainda mais desconfiança da população.

No caso do Bairro Saudade, o que está em jogo vai além de números em um papel: está na torneira de cada família, visível a olho nu. E enquanto os laudos oficiais não refletem a realidade vivida pelos moradores, permanece a sensação de que a voz da comunidade vale menos do que os carimbos de uma empresa que, em tese, deveria servi-la.